terça-feira, 18 de março de 2014

Pesquisa sobre café impulsiona medicamentos contra doenças

Em busca de pistas para o tratamento de pacientes com Parkinson e Alzheimer, os cientistas estão voltando os olhos para a taça matinal de café.
Café O que eles descobriram é que a cafeína, a droga mais amplamente usada no mundo, faz mais do que despertar as pessoas. Ela está ligada a melhorias na memória e aparentemente oferece proteção contra a destruição de células do cérebro.
Estudiosos descobriram que pessoas que tomaram duas ou mais taças de café por dia tiveram um risco 40 por cento mais baixo de desenvolver o Mal de Parkinson.
Encorajadas por essas descobertas, algumas empresas vêm desenvolvendo drogas para replicar esses benefícios. A pesquisa mais avançada é a relacionada ao Parkinson. Pelo menos uma fabricante de medicamentos, a Kyowa Hakko Kirin Co., conseguiu aprovação do governo japonês no ano passado para produzir um medicamento desse tipo e depois iniciou testes nos EUA.
O desafio é ir além da badalação de um vanilla latte e conseguir um resultado mais poderoso sobre o cérebro -- sem efeitos colaterais como dores de cabeça, irritação e nervosismo.
“A cafeína gera um grande benefício para a cognição”, disse Jiang-Fan Chen, professor de neurologia e farmacologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Boston. “Cada vez mais pessoas acreditam que existe um grande potencial de benefício real que deveríamos explorar”.
A cafeína, encontrada de forma natural em mais de 60 plantas, chega rapidamente ao cérebro depois de consumida. No órgão, ela se agarra às células nos mesmos lugares que interagem com a adenosina, uma substância química que age como um sistema de freio do cérebro.
Ao bloquear esses lugares e impedir a adenosina, a cafeína cria o golpe de clareza que torna o café uma das bebidas mais populares do mundo.
O medicamento da Kyowa, que se chama Nouriast, teve um caminho longo e cheio de pedras até conseguir sua primeira aprovação regulatória. A empresa com sede em Tóquio suspendeu os testes nos EUA em 2003 devido a preocupações de segurança causadas por um estudo com ratos.
Os depósitos de minerais nos cérebros dos ratos não estavam causando nenhum efeito como inflamação, segundo a Kyowa.
Doença enigmática
A fabricante de medicamentos apresentou um pedido pelo Nouriast aos órgãos reguladores dos EUA em 2007 e não conseguiu aprovação da Administração Federal de Alimentos e Medicamentos dos EUA (FDA, na sigla em inglês) no ano seguinte. A agência citou, na época, a preocupação de que a droga não funcionasse bem a ponto de ser útil para pacientes com mal de Parkinson, disse a Kyowa.
Depois disso, a Kyowa concentrou esforços em desenvolver o Nouriast para seu mercado doméstico. No ano passado, os órgãos reguladores japoneses deram seu aval, que foi a primeira aprovação no mundo do chamado antagonista de receptores de adenosina A2a em pacientes com Parkinson.
As vendas provavelmente alcançarão 3,8 bilhões de ienes (US$ 37,5 milhões) neste ano, segundo a Kyowa.
Agora a fabricante de medicamentos está olhando novamente para o Ocidente. O último estágio dos testes do Nouriast começou em novembro, com planos de inscrever cerca de 600 pacientes nos EUA e em sete outros países. A pesquisa provavelmente será concluída no início de 2016, disse Kazuaki Inoue, porta-voz da Kyowa, por telefone.
A Kyowa não está sozinha. Duas fabricantes de medicamentos europeias, a UCB SA, da Bélgica, e a Biotie Therapies Oyj, de Turku, Finlândia, estão trabalhando em um antagonista de receptores da adenosina A2a, para pacientes de Parkinson, chamado tozadenant. As empresas planejam começar o estágio final de teste em seres humanos no primeiro semestre do ano que vem, disse Antje Witte, porta-voz da UCB.

exame.com

segunda-feira, 17 de março de 2014

Luz vermelha no mercado automotivo do Brasil

Por Brad Haynes - br.reuters.com
PhotoO crescimento no mercado de veículos do Brasil entrou em ponto morto, mas é tarde demais para as montadoras pisarem no freio. Ao mesmo tempo que as vendas domésticas recuam e as exportações despencam, o setor está acrescentando mais de 1 milhão de veículos em nova capacidade em apenas alguns anos, o que deve impactar a lucratividade no quarto maior mercado automotivo do mundo.
Até 2017, as montadoras instaladas no país terão capacidade para montar 6 milhões de veículos ao ano no Brasil, apesar das vendas locais poderem enfrentar dificuldades para ultrapassar a marca de 4 milhões de unidades, dizem analistas, que culpam uma política industrial de ajuda exagerada ao setor e euforia demasiada com mercados emergentes.
"Todos entraram na onda", disse o analista Guido Vildozo, da IHS Automotive, citando ambições exageradas no Brasil depois que as vendas cresceram 10 por cento em média na década passada. As montadoras agora estão investindo cerca de 5 bilhões de dólares por ano em linhas de montagem locais justo quando o mercado começa a diminuir.
Os lucros foram a primeira vítima do aperto futuro e as relações trabalhistas podem ser a próxima, com o espectro de demissões chegando mais próximo em um ano de eleição presidencial. Uma corrida para os mercados de exportação ressalta também o abismo competitivo que separa as indústrias no Brasil e no rival regional, o México.
As fábricas mexicanas têm custos trabalhistas menores, acesso fácil a fornecedores dos Estados Unidos e 43 acordos de livre comércio, segundo Vildozo da IHS.
O Brasil tem apenas seis acordos bilaterais cobrindo o comércio de automóveis, incluindo quatro com vizinhos imediatos e a África do Sul. O comércio bilateral com o México vem sofrendo desde 2012, quando o Brasil impôs cotas bilaterais para interromper uma torrente de importações mexicanas.
"Será um processo doloroso, especialmente a negociação com os sindicatos, mas não esperamos que alguém feche as portas", disse Vildozo.
Há muito foco da política industrial brasileira, as montadoras de veículos estão em uma situação difícil precisamente por causa das proteções com que contam.

A presidente Dilma Rousseff e os antecessores mantiveram as vendas de automóveis avançando com isenções de impostos, crédito barato e barreiras à importação, o que encorajou um conjunto de fábricas de automóveis não competitivas.
O resultado é uma indústria lotada e ineficiente presa ao seu mercado doméstico, com poucas opções de exportação exceto a vizinha Argentina, que vive uma crise cambial.
As vendas e a produção no Brasil dobraram desde 2005 para cerca de 3,8 milhões de veículos no ano passado, no entanto, as exportações despencaram 40 por cento para cerca de meio milhão de carros, caminhões e ônibus.
Quando a situação estava boa, as montadoras aproveitaram largas margens de lucro sobre plataformas desatualizadas como a Kombi, da Volkswagen, um modelo de 56 anos que só saiu de produção no ano passado. Mas a festa acabou para as maiores marcas no país, depois de anos na dependência de dinheiro de unidades locais para compensarem um fraco crescimento global.
Fiat, Volkswagen, General Motors e Ford viram os lucros despencarem em suas unidades brasileiras no último trimestre devido a uma queda na participação no mercado, custos maiores e uma moeda mais fraca.
Preocupações se espalharam pela indústria no final de 2013 por causa das crescentes fileiras de carros novos parados nos pátios das fábricas. Analistas relataram que concessionárias estavam oferecendo descontos de até 35 por cento para reduzirem o estoque de modelos ultrapassados.
O mercado brasileiro pode estar na metade de uma queda de três anos, segundo Stephan Keese da consultoria automotiva Roland Berger no Brasil. Ele alertou que o excesso de novas fábricas em uma economia fraca podem levar a um excesso de capacidade de mais de 30 por cento nos próximos anos, cerca do dobro do excesso de capacidade normal da indústria.
Previsões róseas geradas nos anos de crescimento forte têm apenas parte da culpa, ele acrescentou, já que as políticas do governo forçaram muitas marcas a construir fábricas locais para evitar altos impostos sobre conteúdo importado.
"O excesso de capacidade foi previsível pois não foi apoiado no mercado. Ele se deu em grande parte pela intervenção do governo", disse Keese.

A indústria afirma que emprega mais de 150 mil pessoas e é responsável por mais de um quinto da produção industrial do país. As montadoras anunciaram investimentos de cerca de 35 bilhões de dólares entre 2012 e 2018, ajudando a elevar a fraca taxa de investimento da economia.
Mas mesmo a associação de montadoras, Anfavea, reconhece que as vendas no Brasil não absorverão mais de três quartos da capacidade produtiva nacional em 2017, quando as fábricas poderão produzir até 6 milhões de veículos por ano.
"É um bom problema para se ter", disse Luiz Moan, presidente da Anfavea e alto executivo da GM, a jornalistas nesta semana. "Sabemos que precisamos ganhar competitividade para poderemos exportar pelo menos 1 milhão d e veículos em 2017."
Para cumprir esta meta, a indústria terá que dobrar suas exportações em quatro anos, colocando o setor contra sua contraparte mais competitiva no México.
"Do ponto de vista das exportações, todos os ovos do Brasil estão em uma única cesta: a Argentina", disse Vildozo, da IHS. "E essa cesta rachou."
A Argentina promoveu uma série de medidas para restringir importações e as exportações brasileiras começaram o ano com queda de 24 por cento. Até recentemente, o país recebia até 9 de cada 10 carros exportados pelo Brasil.



quinta-feira, 13 de março de 2014

Café: muito além da cafeína

Estudo da Universidade Federal do Rio de Janeiro no âmbito do Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café, explora aspectos relacionados à capacidade antioxidante do café
Quando se fala em café muitos ainda relacionam a bebida somente à presença da popular cafeína. O que ainda não é de conhecimento geral é que os grãos de café possuem apenas de 1% a 2,5 % de cafeína e diversas outras substâncias, algumas delas em maior quantidade. Entre elas, minerais, vitamina B3, polissacarídeos, gorduras, aminoácidos e antioxidantes, como os ácidos clorogênicos, substâncias naturais responsáveis por grande parte da atividade antioxidante do café.

Segundo a professora e pesquisadora Adriana Farah, do Núcleo de Pesquisa em Café Professor Luiz Carlos Trugo - Nupecafé, do Instituto de Nutrição da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, os ácidos clorogênicos pertencem à mesma classe dos antioxidantes do vinho e são comumente encontrados nos grãos verdes de café na proporção de 5% a 9%, dependendo da espécie, cerca de cinco a três vezes mais que a cafeína.

Os antioxidantes são considerados aliados da saúde e da qualidade de vida por neutralizarem a ação dos radicais livres no organismo, prevenindo uma série de doenças.

Um estudo realizado pela professora Adriana, com financiamento do Consórcio Pesquisa Café, cujo programa de pesquisa é coordenado pela Embrapa Café, mostrou que o teor de ácidos clorogênicos na bebida, e, consequentemente, sua capacidade antioxidante, depende de uma série de fatores, tais como genética, processamento pós-colheita, método e grau de torrefação, tamanho das partículas do café moído e do método de preparo da bebida.

A pesquisadora tem resultados promissores alcançados sobre a importância desses compostos na saúde humana e mostra que, mesmo após a perda resultante do processo de torrefação, os teores restantes são consideráveis e fazem com que o café seja um dos produtos responsáveis pela capacidade antioxidante na dieta do brasileiro. 


http://www.jornaldiadia.com.br