Automóveis são lançados com festa e badalação. Depois, amadurecem à
base de novos equipamentos e ganham longevidade com uma cirurgia
plástica. Tudo para não perder o moral frente aos rivais mais jovens.
Daí, começam a preparar sua aposentadoria. Para que seu nome não caia
no esquecimento, vêm as séries limitadas. Aos poucos, o modelo vai sendo
depenado, de forma a manter o lucro da produção. Alguns ficam
respirando por aparelhos graças ao preço competitivo. E, aí, o fim
melancólico: o carro deixa de ser produzido sem homenagens ou aviso
fúnebre.
Anote na agenda: um automóvel que acaba de ser apresentado passará por
uma reestilização entre 2016 e 2017 e, depois, terá edições especiais. É
o que os especialistas chamam pomposamente de “cicle plan”, ou o plano
de vida do carro.
São quatro os pilares básicos na encarnação de um veículo: lançamento,
ano/modelo, remodelagem e série limitada. Se um automóvel precisa de
pelo menos três anos para ser lançado, não se engane: quando estrear no
mercado, já terá todos esses passos programados. “O fabricante tem que
ter uma bola de cristal e entender o que o consumidor vai querer daqui a
três, seis anos”, explica o consultor Paulo Roberto Garbossa, da ADK
Automotive. É um exercício de intuição. Um carro tem (ou deveria ter) de
seis a sete anos de existência. Desde o lançamento, porém, já está
programado o chamado “face lift”, a maquiagem de meia-vida.
Geralmente a receita de bolo prevê mudança de faróis, grades, lanternas
e para-choques. Alguns fabricantes vão além e trocam também o capô –
além de estrear aquela nova roda ou as inevitáveis “supercalotas de
desenho exclusivo”. “O ‘face lift’ é cosmético, uma espécie de botox
usado exatamente para que o veículo mantenha o máximo de presença no
mercado”, afirma o consultor Luiz Carlos Mello, ex-presidente da Auto
Latina, antiga holding entre Volkswagen e Ford no Brasil.
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