Discutir a inserção das mulheres no mercado de trabalho, ampliar a
participação da mão de obra feminina e defender políticas públicas são
temas do terceiro congresso das metalúrgicas do ABC, aberto na noite de
hoje (3) em São Bernardo do Campo. Na base do sindicato, que inclui
quatro dos sete municípios da região, as metalúrgicas somam 15,2% da
categoria, segundo o Dieese, o que representa 15,3 mil trabalhadores. Em
1998, as mulheres representavam 12,4%.
Para a diretora-executiva do sindicato Ana Nice Martins de
Carvalho, coordenadora da Comissão das Metalúrgicas do ABC e funcionária
da Panex, apesar do aumento no percentual ainda há resistência do setor
patronal para a contratação de mulheres. "Culturalmente, ainda há essa
divisão de gênero, e a crença de que o trabalho nas metalúrgicas é
pesado para as mulheres. No setor de eletroeletrônico e autopeças, por
exemplo, encontramos bastante mulheres trabalhando, pois são funções que
exigem o manuseio de peças pequenas e entende-se que as mulheres são
mais delicadas para isso."
Além de menor participação no mercado, as mulheres
recebem menor remuneração – o valor é 30% mais baixo em relação aos
homens, embora o estudo aponte que a média salarial das metalúrgicas no
ABC é 70% maior comparado ao restante do país. “Esse distanciamento se
dá porque o ABC é o polo industrial que concentra muitas áreas técnicas e
especializadas das montadoras, onde a remuneração é mais alta”, avalia a
coordenadora.
Entre os avanços, ela destaca a implementação da licença-maternidade de 180 dias. "Temos
praticamente 100% das empresas da base com a licença de 180 dias. Nossa
luta agora é para que essa conquista chegue a todas as trabalhadoras do
país. Por isso defendemos a aprovação da PEC (Proposta de Emenda
Constitucional), que está na Câmara e garante esse benefício a todas as
trabalhadoras."
Pesquisa divulgada em julho de 2011, sobre o perfil do
metalúrgico do ABC, mostra que das pouco mais de 15 mil mulheres na
base, quase metade (47%) estava no setor automobilístico, sendo 16,7% em
montadoras e 30,2% em empresas de autopeças. Outras 23% ficavam no
segmento de metalurgia básica, 12% em máquinas e equipamentos e 14% em
fabricantes de eletroeletrônicos. Das
montadoras na base do sindicato (Volkswagen, Ford, Mercedes-Benz, Scania
e Toyota), que concentram aproximadamente 30 mil trabalhadores, 8,6%
são mulheres.
Entre as cidades da base, Diadema tinha maior participação de
mulheres, que representavam 20% do total. Em seguida, vinham Ribeirão
Pires, com 18% dos postos de trabalho ocupados por mulheres, Rio Grande da Serra (13%) e São Bernardo (12%).
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