segunda-feira, 7 de abril de 2014

Recalls de carros crescem: até onde é possível perdoar as montadoras?

Apenas na última semana, três grandes montadoras anunciaram recall de seus veículos no País. Na quinta-feira 3, Volvo e Citroën recomendaram a troca de equipamentos na lanterna e na manta de isolamento do motor, respectivamente. Antes disso, no dia primeiro, a General Motors divulgou que 1,5 milhão de carros em todo o mundo tinham falhas na direção hidráulica que deveriam ser consertados. O principal problema da GM, no entanto, ocorreu em fevereiro, quando a empresa anunciou o recall tardio de uma peça defeituosa de milhões de veículos. A descoberta do problema pela companhia, contudo, foi em 2001.

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Problemas de fábrica: recalls podem afetar credibilidade com consumidores e trazer custos altos para montadoras  
A expectativa de uma alta multa sobre a montadora americana será confirmada ou não nos próximos meses.  A falha ou suposta irresponsabilidade da GM evidencia o aumento desses problemas no setor, inclusive no País. Só no ano passado, segundo a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), o País teve 109 campanhas para retorno de produtos defeituosos, 62% a mais que 2012. Desse total, o setor automotivo representou 56%. "As pressões para acelerarem o lançamento dos carros influenciam essa alta quantidade de recalls", diz José Roberto Ferro, presidente do Lean Institute do Brasil. “A velocidade não permite, muitas vezes, o teste adequado em todas as peças.”
 
Para especialistas, o recall não pode ser considerado um fracasso ou somente uma falta de cuidado por parte das montadoras. Muito pelo contrário. “É algo normal”, diz Paulo Roberto Garbossa, diretor da consultoria automotiva ADK. “Você nunca vê as concorrentes acusando as outras de falhas, pois sabem que todas estão abertas a isso." Com os consumidores, porém, essa visão não se repete.
 
Mesmo com o alto avanço do número de retornos dos carros às concessionárias, apenas seis de cada dez proprietários participam dos recalls, segundo dados da Senacon. Para o consultor e ex-vice-presidente da GM do Brasil, André Beer, o principal motivo é a banalização dos comunicados, que acabam até diminuindo a credibilidade da empresa junto ao seu consumidor. “Um recall custa caro, pois se leva em conta a troca de peças, manutenção e, principalmente, veiculação na imprensa”, afirma Beer. “Existem casos que uma correspondência para o cliente já resolve.”

No caso da GM, nem cartas foram enviadas para os consumidores. A empresa é acusada de omitir problemas mecânicos que causaram acidentes fatais de, ao menos, 13 pessoas. Diante de uma comissão do Comitê de Energia e Comércio da Câmara de Representantes, em Washington, a presidente da General Motors, Mary Barra, relatou que considera os erros ‘inaceitáveis e que será transparente com as investigações’. De acordo com autoridades americanas, o custo para reparar os problemas seriam de US$ 2 por veículo. "Uma empresa, em sã consciência, nunca trocaria a vida de seus clientes por menores gastos financeiros", diz Garbossa, da ADK.
 
Enquanto alguns cogitam que a multa da montadora americana será maior que a da Toyota, que precisará pagar US$ 1,2 bilhão aos Estados Unidos também por problemas de segurança, outros veem com descrença alguma punição mais rigorosa para a GM. “Estão circulando boatos que, como o governo americano colocou dinheiro na empresa em 2009, a GM deverá ter uma multa mais branda”, afirma Ferro, do Lean Institute.

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