terça-feira, 20 de maio de 2014

Lições das melhores empresas para trabalhar

Por Giovanna Riato, AB
Fabiana aponta RH como área estratégica
Boa comunicação interna, colaboradores com nível elevado de escolaridade e baixa rotatividade de funcionários. Estas são algumas das características comuns das companhias com os índices mais elevados de satisfação entre os funcionários. A conclusão é do estudo As Melhores Empresas para Você Trabalhar, realizado anualmente pela Fundação Instituto de Administração (FIA), da FEA/USP, e publicado na revista Você S/A. A coordenadora da pesquisa, Fabiana Favorini, participou do II Fórum RH na Indústria Automobilística, promovido por Automotive Business na quarta-feira, 19, em São Paulo (SP).

Ela apontou que o Google liderou o ranking das 150 melhores companhias de 2013. Aparecem ainda no levantamento Volvo, Renault e CNH Industrial. Para chegar à conclusão a pesquisa reuniu entrevistas com funcionários das 446 empresas inscritas, além de informações fornecidas pelas próprias organizações. “O objetivo é criar um benchmark das melhores práticas de recursos humanos”, aponta. Entre os aspectos avaliados estão a identificação dos colaboradores com a companhia, satisfação e motivação, liderança, aprendizado e desenvolvimento.

Fabiana aponta ter constatado que a rotatividade dos funcionários entre as 150 melhores empresas para trabalhar gira em torno de 20%. O mesmo indicador sobe para cerca de 50% nas outras companhias. Outra característica é o salário médio maior, próximo de R$ 2.995, contra R$ 2.623 nas organizações de fora do ranking. “Há ainda uma diferença no aspecto educacional. Entre as melhores é visível a maior participação de colaboradores com nível alto de escolaridade”, enfatiza.

O levantamento detectou ainda que as melhores empresas para trabalhar dão grande atenção à comunicação interna e fazem questão de esclarecer aos funcionários suas estratégias e resultados. Das 150 empresas listadas no ranking, 87% incorporam sugestões dos funcionários, 89% subsidiam cursos e 82% fazem ações para melhorar o ambiente de trabalho.

Nas entrevistas com os funcionários ficou constatado que a maior parte deles acredita nos produtos e serviços da empresa e reconhecem que eles têm papel importante na sociedade. Estes profissionais demonstraram ainda que se sentem apoiados pela liderança. Eles listaram, antes do salário, a satisfação e motivação com o emprego e o aprendizado na empresa como aspectos fundamentais.

A pesquisadora garante que o investimento em recursos humanos tem reflexo direto na performance destas empresas no mercado. “A rentabilidade é melhor entre essas companhias”, assegura Fabiana. Ela destacou, no entanto, que o índice de satisfação dos funcionários apresenta sensível queda entre 2007 e 2013. Para ela a mudança apenas reforça a importância de recursos humanos como área estratégica que precisa ser bem trabalhada.

RH NA MONTADORA

Apesar de não figurar no ranking das 150 melhores empresas para trabalhar organizado pela FIA, a General Motors concorda que a área de recursos humanos é essencial para o sucesso do negócio. Luiz Landínez, diretor de RH e relações trabalhistas da GM América do Sul, aponta que a divisão não deve ser tratada de forma isolada, mas estar completamente integrada. “É muito bom se os profissionais de RH puderem acumular experiência em outras áreas. Eles precisam entender do negócio”, enfatiza.

Segundo ele, este tipo de prática é estimulado nas operações globais da companhia, que tem mais de 200 mil funcionários no mundo, 22 mil deles na operação brasileira. O executivo defende que, entre os principais papeis da área de recursos humanos estão garantir que o negócio da empresa se mantenha viável, desenvolver líderes e atrair e reter talentos. Landínez reforça a importância do setor no contexto atual de volatilidade da economia e incerteza acerca do mercado.

Ele revela que, como parte da estratégia da empresa para enfrentar a crise de competitividade que afeta as fábricas brasileiras, a área teve sucesso em negociações trabalhistas que garantiram acordo que prevê manutenção dos salários atuais com correção da inflação ou pequenos aumentos para os próximos três anos. “Decidimos abrir os nossos resultados financeiros para o sindicato e mostrar que não poderíamos dar grandes aumentos”, conta, lembrando que esta não é uma prática comum entre as montadoras.

O diretor destacou uma série de programas de treinamento que atendem a diversas etapas profissionais, como projetos em filiais da empresa no exterior, parcerias com universidades e treinamento de manufatura. Há preocupação significativa com o desenvolvimento de líderes. “É essencial ter uma boa liderança para manter o funcionário estimulado. Sem isso, mesmo que a empresa seja boa e rentável, é difícil reter talentos”, avalia.

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