segunda-feira, 9 de abril de 2012

Afinal, o que é mesmo consultoria e o que faz um consultor?

Há alguns meses li um artigo no LinkedIn Debates sobre a "banalização" do termo consultor e o quanto isto prejudica e deprecia o mercado desses serviços.

Inicialmente minha reação foi solidarizar-me com o autor visto que em diversas ocasiões em minha vida de consultor me deparei com estes pseudoconsultores e seus restos mortais. Lembro-me ainda que em parte destas ocasiões estes restos mortais eram de pseudoconsultores com mais estrutura que a minha consultoria. Pensei até em me juntar ao autor e "malhar o Judas" em um comentário no mesmo espaço. Por falta de tempo ou mesmo de hábito de participar de debates e discussões nas mídias sociais, a vontade passou. Por vezes pensei em retornar ao link e solidarizar-me e finalmente voltei e copiei o mesmo para um dia fazê-lo.
Hoje, enquanto escrevia alguns artigos sobre minha principal atividade, vi a anotação do link e decidi me posicionar melhor sobre o mesmo.

Utilizando a internet e uma de suas ferramentas, encontrei a seguinte e abrangente definição:
Consultoria é a atividade profissional de diagnóstico e formulação de soluções acerca de um assunto ou especialidade. O profissional desta área é chamado de consultor.
Vamos nos concentrar na definição acima, relacionando-o às percepções do autor do artigo no LinkedIn.

A estrutura
A existência de uma estrutura (empresa legalizada, mão de obra contratada, website, impostos pagos e pequeno escritório) pode ser considerada como facilidade, mas nem sempre um diferencial. Podemos encontrar excelentes profissionais que em função do tipo de cliente que atende ou mesmo por ser um consultor muito procurado, sem a necessidade de disponibilizar ou utilizar website e escritório, opte por não ter o custo que uma estrutura maior que o próprio home Office.

Conhecimento
O conhecimento de um profissional pode ser considerado uma grandeza relativa. Qual o nível de conhecimento necessário para diagnosticar e formular uma solução acerca de um assunto ou especialidade? Acredito que depende do assunto ou especialidade, bem como da complexidade do problema.

Experiência
Por maior que seja a experiência de um profissional em determinado assunto ou especialidade, podemos afirmar que o mesmo já tenha passado por todas as situações possíveis sobre estes? Caso a resposta seja negativa, podemos supor que por maior que seja a experiência deste profissional, podem ocorrer situações para as quais o mesmo não tenha experiência suficiente para prestar esta consultoria.

Vocação
A vocação talvez possa ser um diferencial entre os profissionais de consultoria. Um profissional que com maior capacidade de percepção para diagnosticar ou mesmo facilidade para expressar-se aos leigos e relacionar-se com os clientes, provavelmente tenha maior facilidade de fazer-se entender em suas formulações de soluções.

Qualidade de serviços
A minha pouca experiência me leva a crer que a existência em abundância de todos os itens mencionados acima não garanta que um consultor execute um bom trabalho. Importante lembrar que o consultor é um prestador de serviços. O porte da empresa de consultoria, por maior que seja, também não garante a qualidade dos mesmos. Talvez até minimize os riscos, mas definitivamente não os garantem.

Todo profissional pode atuar como consultor?
Cabe lembrar ainda que qualquer profissional que tenha uma especialidade pode atuar como consultor sobre a especialidade, diagnosticando e formulando soluções para problemas relativos à mesma especialidade. Poderá ainda executar um bom trabalho caso o complexidade do problema esteja dentro do espaço ocupado pelo seu nível de conhecimento e experiência.

Compromisso com o cliente ou com o trabalho
Já encontrei em minhas andanças situações nas quais o compromisso com o cliente não estava alinhado com o compromisso com o trabalho ou com o melhor resultado. Posso dizer que já tive que resolver problemas causados pela atuação temerária de outros consultores (alguns renomados) que atenderam às necessidades dos clientes (sócios) em detrimento ao bom resultado para a instituição. Isto tudo é muito relativo.

Considerações finais
Sem dúvida o autor do artigo / debate no Linked In tem razão quanto ao reflexo dos maus profissionais sobre os bons, mas creio que isso aconteça com quase todos profissionais. Existem máximas e piadas negativas quanto aos médicos, engenheiros, advogados entre outros.

Igualmente, creio que, como qualquer profissional, nós consultores trabalhamos para termos lucros e com estes, além de pagar nossas contas, por maiores ou menores que sejam e garantir um padrão de vida melhor para nós e nossas famílias, provavelmente os pseudoconsultores também. E caso não sejamos consultores com fila de clientes em nossa porta, esperando para serem atendidos, também dedicamos parte de nosso tempo para prospectar clientes, óbvio que diferente dos pseudos que procuram novas vítimas.

E finalmente avaliando nossa infalibilidade, será que estamos isentos, por menor complexidade que haja em nossos trabalhos, de cometermos falhas em nossos diagnósticos ou formulações de soluções?

Será que conseguimos contemplar, lembrando que como consultores nem sempre acompanhamos ou executamos as soluções que formulamos, todo e qualquer cenário ou mesmo componente presente nestes, de tal forma a prever e evitar todo possível desvio ou insucesso? Será que os formadores de opinião de plantão ao analisarem nossos poucos prováveis insucessos, levaram em conta as variáveis ou mesmo responsabilidades adequadamente?

Lembranças do chefe de sessão que um dia me disse:

"- Jarry, tudo nesta vida é relativo, proporcional e complexo?"
Sérgio Jarry - sócio da Worenia & Partners, consultoria especializada em recuperação de empresas e finanças corporativas.
www.administradores.com.br

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