Em busca de pistas para o tratamento de pacientes com Parkinson e
Alzheimer, os cientistas estão voltando os olhos para a taça matinal de café.
O que eles descobriram é que a cafeína, a droga mais amplamente usada
no mundo, faz mais do que despertar as pessoas. Ela está ligada a
melhorias na memória e aparentemente oferece proteção contra a
destruição de células do cérebro.
Estudiosos descobriram que pessoas que tomaram duas ou mais taças de
café por dia tiveram um risco 40 por cento mais baixo de desenvolver o
Mal de Parkinson.
Encorajadas por essas descobertas, algumas empresas vêm desenvolvendo
drogas para replicar esses benefícios. A pesquisa mais avançada é a
relacionada ao Parkinson. Pelo menos uma fabricante de medicamentos,
a Kyowa Hakko Kirin Co., conseguiu aprovação do governo japonês no ano
passado para produzir um medicamento desse tipo e depois iniciou testes
nos EUA.
O desafio é ir além da badalação de um vanilla latte e conseguir um
resultado mais poderoso sobre o cérebro -- sem efeitos colaterais como
dores de cabeça, irritação e nervosismo.
“A cafeína gera um grande benefício para a cognição”, disse Jiang-Fan
Chen, professor de neurologia e farmacologia da Faculdade de Medicina da
Universidade de Boston. “Cada vez mais pessoas acreditam que existe um
grande potencial de benefício real que deveríamos explorar”.
A cafeína, encontrada de forma natural em mais de 60 plantas, chega
rapidamente ao cérebro depois de consumida. No órgão, ela se agarra às
células nos mesmos lugares que interagem com a adenosina, uma substância
química que age como um sistema de freio do cérebro.
Ao bloquear esses lugares e impedir a adenosina, a cafeína cria o golpe
de clareza que torna o café uma das bebidas mais populares do mundo.
O medicamento da Kyowa, que se chama Nouriast, teve um caminho longo e
cheio de pedras até conseguir sua primeira aprovação regulatória. A
empresa com sede em Tóquio suspendeu os testes nos EUA em 2003 devido a
preocupações de segurança causadas por um estudo com ratos.
Os depósitos de minerais nos cérebros dos ratos não estavam causando nenhum efeito como inflamação, segundo a Kyowa.
Doença enigmática
A fabricante de medicamentos apresentou um pedido pelo Nouriast aos
órgãos reguladores dos EUA em 2007 e não conseguiu aprovação da
Administração Federal de Alimentos e Medicamentos dos EUA (FDA, na sigla
em inglês) no ano seguinte. A agência citou, na época, a preocupação de
que a droga não funcionasse bem a ponto de ser útil para pacientes com
mal de Parkinson, disse a Kyowa.
Depois disso, a Kyowa concentrou esforços em desenvolver o Nouriast
para seu mercado doméstico. No ano passado, os órgãos reguladores
japoneses deram seu aval, que foi a primeira aprovação no mundo do
chamado antagonista de receptores de adenosina A2a em pacientes com
Parkinson.
As vendas provavelmente alcançarão 3,8 bilhões de ienes (US$ 37,5 milhões) neste ano, segundo a Kyowa.
Agora a fabricante de medicamentos está olhando novamente para o
Ocidente. O último estágio dos testes do Nouriast começou em novembro,
com planos de inscrever cerca de 600 pacientes nos EUA e em sete outros
países. A pesquisa provavelmente será concluída no início de 2016, disse
Kazuaki Inoue, porta-voz da Kyowa, por telefone.
A Kyowa não está sozinha. Duas fabricantes de medicamentos europeias, a
UCB SA, da Bélgica, e a Biotie Therapies Oyj, de Turku, Finlândia, estão
trabalhando em um antagonista de receptores da adenosina A2a, para
pacientes de Parkinson, chamado tozadenant. As empresas planejam começar
o estágio final de teste em seres humanos no primeiro semestre do ano
que vem, disse Antje Witte, porta-voz da UCB.
exame.com
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