As perdas das ações da OGX (OGXP3), de Eike Batista, têm sido difíceis de se suportar até pelos investidores
com mais sangue frio. Desde seu auge, em outubro de 2010, quando a ação
chegou a 23,27 reais, até o último fechamento (dia 03), com os papéis
cotados a 39 centavos, a perda da petrolífera foi de 98,32%. Mas, quem
já aguentou até agora, o que deve fazer com essas ações que já não valem
mais de um real?
Alexandra Almawi, economista da Lerosa Investimentos, acredita que a
melhor estratégia para quem já teve grandes perdas é esperar uma
eventual recuperação da empresa. “O investidor que comprou a ação lá
atrás, quando ela valia 18 ou 20 reais já perdeu muito. Para ele, agora o
mais interessante é esperar uma eventual reviravolta para evitar a
quebra final”, diz.
Ela explica que a maior parte dos investidores da OGX não comprou os
ativos recentemente, mas antes da crise ter se instalado na companhia.
Por isso, segundo ela, a maioria dos acionistas já amargou quedas de
pelo menos 60%. “Se um investidor perdeu menos do que 30%, talvez seja o
caso de sair, mas a maioria perdeu mais de 90%”, avalia.
Para Clodoir Vieira, economista-chefe da corretora Souza Barros, se o
investidor tem hoje menos de 75% do valor investido inicialmente, ele
não deve vender os ativos. “Se o investidor não vendeu no início, agora o
jeito é aguentar até o fim, colocar esse dinheiro de canto e esperar
anos até que haja uma recuperação, ou até que se perda tudo com a ação”,
afirma.
Mas, caso a perda tenha sido de 50%, por exemplo, ele já pondera que o
melhor a se fazer é realizar o prejuízo para evitar tombos ainda
maiores.
Felipe Miranda, analista da Empiricus, tem uma opinião diferente. Para
ele, o investidor não deve basear sua decisão pelo tamanho do prejuízo,
mas pelas suas expectativas sobre a empresa. “O passado não se muda. Se o
investidor já fez a besteira de comprar essa ação que caiu, ele não
deve ficar apegado ao passado, ele deve olhar as perspectivas futuras.
Se ele acha que a ação vai subir, ele deve ficar com ela, mas se acha
que não, ele deve vender”, defende.
E os três especialistas são unânimes ao dizer que o investidor que quer
buscar oportunidades na crise da bolsa deve ficar longe da OGX. “Se o
investidor acredita que OGX ainda tem algum valor, o mais prudente seria
esperar um cenário mais positivo. Por mais que ele não aproveite o
momento de valorização inicial, pode ser melhor abrir mão de ter um
ganho mais alto para correr menos riscos”, opina Miranda.
Mas, há possibilidades de recuperação?
As últimas notícias não são nada animadoras. Na segunda-feira a OGX anunciou o fracasso das operações em quatro campos de petróleo. Depois disso, o que já estava mal piorou. A nota da empresa foi rebaixada
pelas agências S&P e Fitch e nesta terça-feira a Moody’s também
reduziu o rating da companhia. E seis corretoras estrangeiras reduziram o
preço-alvo dos papéis e a projeção mais pessimista, do Bank Of America
Merrill Lynch, é de que a ação chegue aos 10 centavos.
Apesar das possibilidades de recuperação da petrolífera serem quase
remotas nas atuais circunstâncias, os especialistas não descartam a
hipótese de uma reviravolta. “Existem chances de recuperação.
Evidentemente, o grupo tem um valor estratégico para o governo e pode
atrair compradores”, afirma o analista da Empiricus.
Vieira, da Souza Barros, também não considera que as chances de
recuperação sejam nulas. "Se houver uma injeção de capital de um
investidor estratégico ou até mesmo um aporte de capital, ela teria um
respiro e condições de se reerguer", diz.
A economista da Lerosa concorda que a empresa seria capaz de se
reerguer com algum tipo de socorro, mas não crê em uma retomada que a
faça retornar ao status dos tempos áureos. "Claramente não é bom para o
Brasil que a figura de um empreendedor que acreditou no setor de
infraestrutura fique arruinada. Por isso, para manter a credibilidade
até mesmo lá fora, pode ser que o governo faça um esforço. Se isso
ocorrer, pode ser que exista algum suspiro, mas a ação não deve voltar
ao patamar dos 20 reais. Ela só chegou a esse valor porque houve muita
especulação", avalia.
exame.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário