sexta-feira, 28 de junho de 2013

Do bíceps ao bilhão com malhação na Bodytech

Entre os investidores brasileiros, já virou piada: qualquer dono de empresa acha que seu negócio vale 1 bilhão de reais. Basta crescer um tanto todo ano, estar num setor com boas perspectivas, caprichar no PowerPoint e pronto: o empreendedor já se considera um bilionário em potencial.

Urquiza, Accioly e Diniz, da Bodytech
Foi assim em mercados como os de saúde, turismo e construção civil. Como um exemplo puxa o outro, a lógica do bilhão foi chegando a campos inesperados. O mais novo candidato vem do mercado de academias de ginástica: o grupo carioca Bodytech, que tem como sócios os empresários Alexandre
Accioly, Luiz Urquiza e João Paulo Diniz, o técnico de vôlei Bernardinho e o banco BTG Pactual.
Fundada em 2006 no Rio de Janeiro, a empresa faturou no ano passado 206 milhões de reais e chegou a 51 endereços no Brasil. Para malhar em suas unidades, é preciso pagar até 900 reais por mês — valor que pode dobrar com aulas individuais.

Em abril de 2012, o BTG pagou cerca de 180 milhões de reais por 30% das ações. A Bodytech valia, portanto, 600 milhões de reais. Com a promessa de crescimento de 50% em 2013, um grupo de investidores calculou que a empresa já vale 900 milhões de reais.

Como pode uma rede de academias valer tanto? Para começar, a Bodytech aproveitou nos últimos anos um incrível ciclo de crescimento dos negócios ligados à beleza no Brasil. O país tem o mercado de cosméticos que mais cresce no mundo. É líder em cirurgias plásticas estéticas. E tem sido um paraíso para as academias de ginástica.

Em cinco anos, o número de unidades passou de 12 000 para 23 000. Juntas, elas faturaram 5 bilhões de reais em 2012. Nesse cenário, a Bodytech inovou ao levar para as academias práticas do mercado de luxo. Suas unidades têm spa, ofurô, fisioterapeutas.

A mais nova delas, inaugurada em junho no shopping Iguatemi, em São Paulo, tem uma ala com maquiadores e geladeiras com toalhas molhadas, para aliviar o calor durante os exercícios. Tudo “de graça”. “Não queremos ser vistos como mais uma academia”, diz Accioly.

Mercado pulverizado

Com os preços lá em cima, a Body­tech tem uma receita e uma margem de lucro invejáveis para o setor. Em média, cada academia brasileira fatura 170 000 reais por ano. Na Bodytech, a média chega a 4 milhões de reais por unidade. É quase o dobro da principal concorrente, a paulistana Bio Ritmo, que tem 97 unidades no Brasil e faturou aproximadamente 200 milhões de reais no ano passado.

O lucro operacional chegou a 36 milhões de reais. “Esse mercado é muito pulverizado no Brasil. A maioria das academias está nas mãos de professores de ginástica, que não têm capital para investir em equipamentos de ponta e, por isso, têm de cobrar barato”, afirma Richard Bilton, presidente da rede de academias Companhia Athletica. Nos Estados Unidos, onde a consolidação começou na década de 90, algumas empresas têm mais de 400 unidades.

Após a forte expansão dos últimos anos, a Bodytech começa a enfrentar uma situação inédita. Como depende de um número mínimo de clientes de alta renda para abrir uma academia, a empresa fica limitada a poucas cidades. Para não bater no teto, lançou em 2012 uma segunda marca, a Fórmula, que cobra cerca de 100 reais por mês e mira municípios com mais de 200 000 habitantes.

Foram abertas 13 unidades e a meta é inaugurar mais 100 até 2016. Mas, nesse mercado, a empresa vai lidar com um perfil diferente de cliente e com um modelo novo de negócios — as franquias. O controle sobre o serviço será menor — o que aumenta o risco. Além disso, a Bodytech terá um concorrente agressivo.

 Após receber aporte da gestora de investimentos Pátria, a Bio Ritmo lançou, em 2011, a rede Smart Fit, com mensalidades a partir de 49 reais, que já tem 74 unidades e quer abrir mais 50 neste ano. Não foi só a Bodytech que viu que malhação pode ser um grande negócio.

exame.com

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