Grande parte do potencial do ser humano se manifesta quando se
trabalha por vocação. Entretanto, ainda existe certo preconceito com o
trabalho, como se fosse algo que servisse apenas para suprir as nossas
necessidades. Ver o trabalho como um mal necessário não só bloqueia o
nosso potencial, como diminui o prazer de viver do ser humano.
Passamos
a maior parte do tempo trabalhando. O indivíduo não vocacionado sofre
muitas frustrações durante esse período e a grande quantidade de crises
vivenciadas invadem as demais áreas da vida dele. Os problemas de
trabalho influenciam substancialmente o comportamento familiar e social.
O ofício que deveria iluminar as diversas esferas da vida passa a
poluí-las, nesse caso. Não me surpreende a busca de outros caminhos de
satisfação do ser humano, como a busca de prazer obsessivo nas drogas,
no culto ao corpo e ao sexo, no álcool e no consumismo.
Educar é
muito mais do que informar. Este é outro grande problema vocacional do
Brasil. Você conhece alguém que pode dar aquilo que não tem? Ou conhece
alguém que pode ensinar o que não sabe? Se o professor não for realmente
vocacionado para o ensino, como ele poderá ajudar a despertar a vocação
do aluno? Educação provém da palavra latina educere, ou seja,
promover de dentro para fora as potencialidades do indivíduo. Educar é
criar um laço profundo que permite ao jovem trazer à tona as
potencialidades vocacionais, ou seja, tirar de dentro. O professor
precisa ter interesse na vocação dos alunos.
A experiência como
Coach e os sete anos de compromisso com a Educação, seja ela
profissionalizante ou corporativa, fez-me constatar que as escolhas
profissionais de muitas pessoas se deram por outros motivos que não são
os vocacionais: o lucro, o status, as carreiras tradicionais e,
principalmente, as projeções familiares. De alguma forma os pais
influenciam os filhos a fazer algo que não conseguiram, ou a exercer uma
profissão mais segura e “estável”. A pressão do mercado, os maus
conselhos dos parentes e a falta do devido apoio dos pais complicam
muito as escolhas dos jovens.
A vocação é uma questão poderosa
para superar tudo o que foi citado: o conceito de trabalho como um mal
necessário, as exigências neuróticas da vida profissional, algumas
deficiências do ensino e o grau de insatisfação por ter que sobreviver a
qualquer preço, ocupando o nosso tempo com o que não é da nossa
natureza.
Vamos definir o conceito. A palavra vem do latim vocatio,
que quer dizer “convocação”, ou seja, ser chamado. Então, é importante
refletir: “para quê eu fui chamado a este mundo? E quem, ou o quê me
chamou?”. Nós, seres humanos, somos chamados por algum motivo e não
nascemos por acaso. Além do motivo, existe algo que nos chama: o
destino. É o destino que chama o ser humano. Então, a vocação é a
convocação do destino de um ser humano para que ela possa se realizar. A
vocação aponta a direção que ele deve assumir para se realizar na vida e
ser feliz.
No livro “Como reconhecer a sua vocação?”, Michel
Echenique esclarece questões fundamentais para você que está lendo este
artigo e quer descobrir qual é a sua vocação. Aqui vão três perguntas
básicas para você responder a si mesmo:
1. O que você gosta de fazer?
Todo
trabalho direcionado pela vocação coincide com o que gostamos de fazer,
pois vai de acordo com a vontade do indivíduo. Reflita sobre o que você
faz de útil sem obrigação de fazer. O prazer de trabalhar aumenta a
energia do indivíduo e o desejo de trabalhar mais. Conheço mulheres que
são profissionais competentes, mães, esposas, musicistas e voluntárias
que ainda não se contentaram e querem produzir mais! Com certeza elas
gostam muito do que fazem.
2. O que você quer realmente fazer?
Napoleon
Hill foi muito assertivo quando mencionou “o que quer que a mente do
homem possa conceber e acreditar, ela pode realizar.” Não basta querer,
há de querer muito. Quando você tem tudo bem definido na sua mente, é
capaz de fazer acontecer qualquer coisa e realizar o que quer. Estou
tratando de uma força na qual não vê limitações, que supera qualquer
dificuldade.
Eu tive um Coachee (cliente), nascido no interior do
Estado do Pará, onde a educação nunca foi exemplar. A família dele não
tinha condições de oferecer qualquer privilégio. Este ser humano, hoje, é
proprietário de uma das maiores empresas do Brasil no seu segmento,
começou a empresa do “zero”, sendo pioneiro na região e já conseguiu uma
certificação internacional que nenhuma concorrente chegou perto de
conseguir. Ele vislumbrou isso desde muito jovem e foi capaz de
concretizar o que parecia impossivel.
3. O que você faz bem feito?
Sentir
satisfação no começo é fácil. Fazer bem feito é sentir satisfação do
início ao fim do trabalho. Um trabalho bem feito gera admiração nos
demais, naturalmente. Um concerto de Vivaldi é harmonioso e lindo, não
precisa de explicação. A estátua de Davi, de Michelangelo, continua bela
há centenas de anos. O trabalho faz bem tanto para você, quanto para os
demais.
Quando conseguimos integrar esses três elementos num
trabalho que tenha ritmo e constância, podemos ter encontrado a nossa
vocação. Em nenhum momento eu lhe contei algum “atalho” para o seu
caminho realização e plenitude na vida. Se alguém lhe oferecer algum
caminho "mais fácil”, desconfie bastante. Você não escolheu a sua
vocação, ela escolheu você. Cumprir com a convocação da natureza é uma
dádiva de quem tem muita coragem e disciplina.
Escreva
as respostas para essas perguntas num papel, ele servirá como um
espelho que vai lhe permitir enxergar dentro de si mesmo. Não adianta
culpar o governo, os pais, o marido e o professor pelas escolhas que não
foram autênticas na sua vida. Atender ao seu chamado é uma decisão
sua.
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seu comentário. Provavelmente, você conhece alguém que esteja precisa
precisando ler a respeito desse tema. No próximo artigo, vou escrever
sobre definição de metas conscientes. Um fraterno abraço e até breve!
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